sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cartas do P.e Aldo 89





Asunción, 16 de julho de 2009.

Caros amigos,
Que alegria quando um homem tem a graça de reconhecer que Cristo é tudo, que a Providência é o coração de tudo. Para mim, é já o Paraíso uma experiência desta, porque não há nada que me comova mais do que esta certeza, que é a experiência cotidiana que vivo.
É um fato que vai além dos meus estados de ânimo, que sempre mudam dentro de mim, mas não visíveis no meu rosto, que continuamente é chamado a sorrir à beleza da realidade.
Como eu gostaria que a Providência e, portanto, a gratuidade fosse o coração da economia, das economias e economistas, das faculdades de economia etc. (com todo o respeito e gratidão que tenho por estes profissionais que, mesmo aqui, são o braço da Divina Providência). Se tudos soubessem que o motivo da crise é a não fé na Providência!... Mas fé quer dizer que uma empresa tem razão de ser se é Deus que a quer e se tem como fim a Glória de Deus. E é a realidade, a obediência à realidade que nos faz entender isto.
Olhem a nova clínica para os doentes terminais encontrados na rua, aqueles que recolhemos nas favelas... é um espetáculo de beleza. A fachada, já terminada, é tudo em pedra “sillar”, a pedra que os jesuítas usaram para construir as “reduções”.
As pedras foram extraídas dos mesmos lugares de onde os jesuítas tiraram, a 400 km de Asunción. Desde maio de 2008, um grupo de escultores analfabetos, guiados pelo mestre Farias, que estou em Carrara, estão trabalhando até o dia 16 de julho. O trabalho foi feito na pedreira, usando um martelo e um formão rudimentar feito com um pedaço de ferro cuja ponta foi achatada com golpes de marreta. As pedras são todas trabalhadas a mão. A cada pedra correspondem baixo-relevos iguais àqueles das reduções de Trinidad e de S. Ignazio Guazù. Veem-se anjos musicistas e, no centro, uma imagem de Nossa Senhora. Em cada andar da fachada se veem detalhes com anjos e uma Nossa Senhora diferentes. A clínica ficará pronta com uma obra prima do escultor da Sagrada Família de Barcelona, se Deus quiser. Comentará a frase de São Paulo – “a natureza geme as dores do parto, esperando a ressurreição dos filhos de Deus”. A beleza da clínica segue a tradição medieval e das reduções. O doente terminal deve já ver o paraíso.
O custo final da clínica foi de 1,5 milhões de dólares. De onde veio esse dinheiro? Só – e só! – e só da Providência, que se serve de um povo, não de um economista ou de experts, para mostrar a sua onipotência.
Meu Deus, como eu gostaria que todos compreendessem o que eu digo. Aqui, Deus fala claramente; aqui, a pessoa toca com a mão o que é a fé de um povo; como Deus constrói usando miseráveis, pobres e ignorantes como instrumentos, começando por este asno que escreve. Se vocês soubessem quantas dificuldades, quantas incompreensões da parte de quem sabe tudo, de quem vive de cálculos, de economistas...
Porém, Cristo venceu e vence. O ponto é a fé, o meu amor por Cristo. As minhas preocupações não são o dinheiro, ou o futuro, porque uma obra assim só Deus poderia ter feito. É a minha fé, o meu total amor a Cristo, porque tudo depende disto. Então, olhando para estas maravilhas de Deus, rezem para que não sejam o dinheiro, a economia, os cálculos a ocuparem o meu coração e a minha mente, mas apenas Cristo. Prefiro morrer que ser vítima da dúvida ou da economia ou das contas.
Confio-me às orações de vocês, caros amigos, para que Jesus faça de mim o que Ele quiser. Esta clínica é apenas e exclusivamente o abraço de Giussani que continua e o olhar de Carrón e de P.e Massimo que me acompanham.
Mesmo a sua forma arquitetônica lembra o abraço de Giussani a este pobre homem, há vinte anos atrás. Por isto, eu a quis encurvada para dentro, onde estão os meus Jesus sofredores.
Quem deseja ser protagonista com este meu povo já sabe o que precisa fazer. Não quero esmola, quero amigos, protagonistas conosco e testemunhos alegres de Cristo.
Com afeto
P.e Aldo

P.S.: Depois, eu lhes mandarei as fotos dos escultores trabalhando.

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