Por P.e Aldo
Absolutamente não, se reconhecermos a positividade de qualquer circunstância que vivamos. É o que nos testemunha Jazmín Goiburú ao perdoar Montanaro, que martirizou e matou seu pai.
“A vida não é uma tragédia: a tragédia é o que faz tudo acabar em nada. A vida é sim drama. É dramática porque é relação entre nosso Eu e o Tu de Deus, e nosso Eu precisa seguir os passo que Deus indica”, escreve monsenhor Giussani.
É esta Presença, este Tu que permite a positividade de qualquer circunstância que vivamos, porque sem este Tu tudo seria nada, tudo seria um passo a mais em direção a uma tragédia cada vez mais obscura.
Porém, graças à Presença deste Tu, as circunstâncias nos conduzem, nos chamam para Ele. É Deus quem, mediante as circunstâncias, nos chama para o destino, através de tudo o que nos acontece: seja uma dor de cabeça, um trabalho, uma incompreensão, um fracasso, uma raiva etc.
É a experiência que vivemos na Clínica Casa Divina Providência “São Ricardo Pampurri”, onde até a dor mais terrível, que nem sequer a morfina consegue amenizar, ou a morte, impede à pessoa de enfrentar tudo serenamente até o destino final. E ainda mais, como no caso de Marciana, uma bela garota de 20 anos com metástase geral. A certeza da morte não a impede de expressar toda a sua criatividade artística. Foi impressionante a exposição de seus quadros no domingo, dia 04 de julho, no adro da Igreja da paróquia São Rafael. Quadros nos quais testemunha, com as cores vivas dos ipês, das fazendas, do céu, das flores, sua paixão pela vida dentro da circunstância de ser uma paciente terminal.
Ou como Atílio, Carlos, desconhecidos músicos de nosso país, agora pacientes terminais, cujas circunstâncias não são impedimento para que, a cada sábado, esperem ir da clínica para a pizzaria, para comer e, quem sabe, cantar com a Irmã Sônia.
A enfermidade, como qualquer outra circunstância, nos permite não cair no que Giussani denominava a anestesia da vida, a enfermidade maior de nossa sociedade moderna: “o verdadeiro perigo de nossa época, dizia Teilhard de Chardin, é a perda do gosto de viver. Ora, a perda do gosto de viver envolve o não sentimento de si... a não afeição por si mesmo. Porém, seria preciso uma anestesia total para que um homem perca integralmente, inteiramente, o sentido do apego a si mesmo e, por isso, pelo menos uma embrionária emoção por si mesmo, uma preocupação consigo próprio. O tipo de sociedade em que vivemos consegue injetar essas anestesias totais [e cada um de nós pode descobri-la, olhando para a própria vida, para o entorpecimento e distração, na fuga de nós mesmos; basta pensar quando foi a última vez que cada um de nós teve um instante verdeiro de ternura por si mesmo], porém elas não podem ser permanentes. Até essas anestesias totais extremamente difusas – por isso é uma sociedade caracterizada totalmente pela alienação – têm um limite, não podem ser permanentes, e por isso o sofrimento não é evitável. O sofrimento indica a suspensão ou a ruptura ou o fim da anestesia total”
Nossa experiência cotidiana com os pacientes terminais de câncer e de AIDS, com as crianças vítimas da violência, com os idosos recolhidos das ruas, são um pontapé único que, sem dúvida, nos sacode em cada instante, abrindo-nos para o reconhecimento belo e terno do “eu sou Tu que me fazes”.
A cada semana, temos a alegria de ver morrer alguém com o sorriso nos lábios, ou escutar testemunhos como o de Jazmín Goiburú que perdoou a quem matou seu pai, transformando sua dor em uma maternidade sem comparação, como é o que vivo com as crianças, meus filhinhos da Casinha de Belém
* Publicado no boletim da Paróquia São Rafael, em Asunción. Enviado pelo secretário do P.e Aldo. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.
Absolutamente não, se reconhecermos a positividade de qualquer circunstância que vivamos. É o que nos testemunha Jazmín Goiburú ao perdoar Montanaro, que martirizou e matou seu pai.
“A vida não é uma tragédia: a tragédia é o que faz tudo acabar em nada. A vida é sim drama. É dramática porque é relação entre nosso Eu e o Tu de Deus, e nosso Eu precisa seguir os passo que Deus indica”, escreve monsenhor Giussani.
É esta Presença, este Tu que permite a positividade de qualquer circunstância que vivamos, porque sem este Tu tudo seria nada, tudo seria um passo a mais em direção a uma tragédia cada vez mais obscura.
Porém, graças à Presença deste Tu, as circunstâncias nos conduzem, nos chamam para Ele. É Deus quem, mediante as circunstâncias, nos chama para o destino, através de tudo o que nos acontece: seja uma dor de cabeça, um trabalho, uma incompreensão, um fracasso, uma raiva etc.
É a experiência que vivemos na Clínica Casa Divina Providência “São Ricardo Pampurri”, onde até a dor mais terrível, que nem sequer a morfina consegue amenizar, ou a morte, impede à pessoa de enfrentar tudo serenamente até o destino final. E ainda mais, como no caso de Marciana, uma bela garota de 20 anos com metástase geral. A certeza da morte não a impede de expressar toda a sua criatividade artística. Foi impressionante a exposição de seus quadros no domingo, dia 04 de julho, no adro da Igreja da paróquia São Rafael. Quadros nos quais testemunha, com as cores vivas dos ipês, das fazendas, do céu, das flores, sua paixão pela vida dentro da circunstância de ser uma paciente terminal.
Ou como Atílio, Carlos, desconhecidos músicos de nosso país, agora pacientes terminais, cujas circunstâncias não são impedimento para que, a cada sábado, esperem ir da clínica para a pizzaria, para comer e, quem sabe, cantar com a Irmã Sônia.
A enfermidade, como qualquer outra circunstância, nos permite não cair no que Giussani denominava a anestesia da vida, a enfermidade maior de nossa sociedade moderna: “o verdadeiro perigo de nossa época, dizia Teilhard de Chardin, é a perda do gosto de viver. Ora, a perda do gosto de viver envolve o não sentimento de si... a não afeição por si mesmo. Porém, seria preciso uma anestesia total para que um homem perca integralmente, inteiramente, o sentido do apego a si mesmo e, por isso, pelo menos uma embrionária emoção por si mesmo, uma preocupação consigo próprio. O tipo de sociedade em que vivemos consegue injetar essas anestesias totais [e cada um de nós pode descobri-la, olhando para a própria vida, para o entorpecimento e distração, na fuga de nós mesmos; basta pensar quando foi a última vez que cada um de nós teve um instante verdeiro de ternura por si mesmo], porém elas não podem ser permanentes. Até essas anestesias totais extremamente difusas – por isso é uma sociedade caracterizada totalmente pela alienação – têm um limite, não podem ser permanentes, e por isso o sofrimento não é evitável. O sofrimento indica a suspensão ou a ruptura ou o fim da anestesia total”
Nossa experiência cotidiana com os pacientes terminais de câncer e de AIDS, com as crianças vítimas da violência, com os idosos recolhidos das ruas, são um pontapé único que, sem dúvida, nos sacode em cada instante, abrindo-nos para o reconhecimento belo e terno do “eu sou Tu que me fazes”.
A cada semana, temos a alegria de ver morrer alguém com o sorriso nos lábios, ou escutar testemunhos como o de Jazmín Goiburú que perdoou a quem matou seu pai, transformando sua dor em uma maternidade sem comparação, como é o que vivo com as crianças, meus filhinhos da Casinha de Belém
* Publicado no boletim da Paróquia São Rafael, em Asunción. Enviado pelo secretário do P.e Aldo. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.
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