Na visita que fizemos à Clínica, com a Procissão do Santíssimo, fiquei marcado por alguns olhares. Enquanto entrávamos nos quartos, onde P.e Aldo abençoava a cada paciente e se ajoelhava diante de cada um, não pude ficar indiferente aos olhares: Irmã Sônia que acompanhava tudo, com uma vela nas mãos e com uma ternura e uma letícia indizíveis; Celeste que, assentada à cama, recebia o Santíssimo como a um amigo e que, depois, de longe, nos acompanhava com um olhar cheio de vida, cheio de dor, cheio de gratidão, cheio de letícia; o paciente de AIDS (da carta 10) que, sem conseguir expressar mais do que um indefinível sorriso, fixou o olhar em mim (eu que me esforçava para ver o rosto de cada um), gritando uma humanidade potente na sua fragilidade; Patrícia, a prostituta que comia papel (da carta 02), que olhava para o P.e Aldo e para o Santíssimo como uma filha; Cristina (da carta 40) que, cega e muda, mostrava um olhar inquieto impressionantemente comunicante.
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